Saúde: urgência com compasso de espera

4 de janeiro de 2017
PSD

"Há hospitais com 13 horas de espera nas urgências”. A esta manchete, juntam-se outras de vários jornais, como por exemplo, “Urgências lotadas com 11 horas de espera” e “Mulher espera seis dias na Urgência por cama no hospital de Famalicão”. Além destes títulos, lê-se um outro intrigante: "Está tudo a correr bem" diz Ministro da Saúde. Afinal, o que se passa?

São 11 horas do dia 4 de janeiro de 2017 quando estamos a escrever este artigo e no Hospital Amadora-Sintra o tempo médio de espera para um doente com carácter urgente é de 13h27m. A sul, no Hospital de Portimão, o tempo médio para o mesmo critério é de 08h48m. Estes são apenas alguns exemplos daquilo que se está a verificar nos principais hospitais do país.

Confrontado com esta situação, o ministro da Saúde afirmou ontem que “temos dezenas de unidades hospitalares e centenas de centros de saúde e o que verificamos é que este ano as coisas estão a correr muito bem, com o esforço enorme dos profissionais de saúde”. A citação é grande, por isso convém destacar o ponto crucial: “as coisas estão a correr muito bem”.

O que explica estes tempos de espera? O que se passa na Saúde?

Já em dezembro, o PSD havia alertado para a falta de médicos no Serviço Nacional de Saúde, “porque existe um agravamento constante da incapacidade da resposta hospitalar", afirmou Miguel Santos, vice-presidente do grupo parlamentar do PSD, acrescentando que "os problemas no SNS têm sido constantes e agravam-se dia após dia, devido à ausência de uma política do Governo para a área da saúde, com desinvestimento que reduz a capacidade de autonomia e gestão" dos hospitais.

De relembrar que já em finais 2016 havia sinais pouco positivos na Saúde.

Verificava-se, no final do ano, a falta de ginecologistas e obstetras nas unidades públicas do centro do país, situação que a Ordem dos Médicos descreveu de "alarmante", "muito grave" e de “catástrofe iminente”.

Do Algarve chegavam também notícias de consultas dadas à chuva num gabinete da Unidade de Saúde Familiar Lauroé, no Centro de Saúde de Loulé, registando-se o mesmo numa Unidade de Saúde Familiar de Albufeira.

Também no último mês de 2016, o Observador reportava uma realidade inédita e irresponsável: “o Governo mandou apertar o cinto aos hospitais na parte final do ano para cumprir as metas do défice. Ficam congeladas quaisquer despesas de investimento, que estarão condicionadas a autorização prévia do ministro da Saúde. E é ainda imposta uma limitação aos gastos que fiquem acima da média dos últimos oito meses em despesas com reposição de materiais e até de medicamentos, entre outros.”

A falta de investimento na Saúde por parte deste Executivo já é notória há algum tempo, tanto que Pedro Passos Coelho já havia afirmado que "não devíamos estar nesta situação. Se há dinheiro para tanta coisa, pelos vistos não há dinheiro no SNS, para que se pague o que se deve a tempo e horas e se possa prestar progressivamente um bom serviço às pessoas".

Quando se desinveste na Saúde, não há outra consequência senão um pior serviço para as pessoas. O PSD, com a responsabilidade que tem de ter saneado o sistema público nos últimos anos, continuará a defender os utentes e a exigir que o SNS volte a assegurar o direito de todos à proteção da saúde.