Rui Rio em entrevista à TSF: as empresas “têm de ser apoiadas e incentivadas”

5 de junho de 2020
PSD

Rui Rio reiterou vontade de ajudar a viabilizar o Orçamento do Estado Suplementar, mas sem passar cheques em branco ao Governo. Em entrevista à TSF, esta sexta-feira, o Presidente do PSD garante que ainda não sabe qual será a posição de voto dos deputados social-democratas. “Eu não sei se vou votar a favor, posso não votar a favor, até posso votar contra. O que estou a dizer de antemão é que não vou olhar para o orçamento com uma lupa a tentar pegar onde é que que está mal para justificar que estou contra. Vou pegar no orçamento com vontade de ajudar a que o combate à covid não seja estrangulado por razões de ordem orçamental dentro daquilo que o país é capaz”, afirmou.

No início da entrevista, Rui Rio começou por explicar que a pandemia que Portugal atravessa é “muito complexa”, e que há aspetos que não correram da melhor forma, como os testes de rastreio e a debilidade em que se encontrava o Serviço Nacional de Saúde. “Há coisas que tenho a sensação que teria feito melhor, mas em boa verdade e honestidade tem alguém a certeza de que, se eu estivesse lá, teria feito melhor? Só um fanfarrão é que pode dizer uma coisa dessas”, declarou.

Comentando a questão da austeridade, Rui Rio critica o jogo semântico do Governo. “Neste momento, temos um exército de trabalhadores que tem um corte de 33% no rendimento. O Governo que vá contar aos portugueses que estão nesta situação que não há austeridade. Infelizmente o que estamos a viver é austeridade”, frisou.

O líder do PSD defende que o “lay-off” deve manter-se até final do ano com “afinações pontuais”. “É impossível uma medida deste género sem que agora se olhe para trás e se diga que está tudo perfeito”, apontou.

Rui Rio espera por mais “investimento com efeito multiplicador”, como na ferrovia. “O TGV clássico, como existe em França ou em Espanha, sempre fomos contra. Um comboio com uma velocidade elevada, com investimento mais reduzido, que melhore as ligações entre Lisboa e Porto será de equacionar. Um TGV clássico não se justifica”, justificou.

Já sobre a retoma económica, Rui Rio diz que deve fazer-se com as empresas privadas, que “têm de ser apoiadas e incentivadas”.

O Presidente do PSD afirmou que as críticas recentes que fez no debate quinzenal sobre a escolha de António Costa Silva para elaborar um programa de recuperação económica não se se devem à designação de um independente, mas à incoerência do chefe do Governo. “O PSD foi crítico do Primeiro-Ministro que fez o que antes tinha criticado no Governo de Pedro Passos Coelho. O Governo escolhe quem muito bem entender para o aconselhar ou até para desenhar uma estratégia, não é da minha conta”, frisou.

À TSF, o líder do PSD criticou a forma como o Governo socialista reverteu a privatização da TAP, considerando que foi “o pior de dois mundos”: “Entrou com 50%, mas manda zero”. E insiste que a TAP só deve ser auxiliada em determinadas condições: “Se tiver um plano de negócios que demonstre que o dinheiro é lá metido não é apenas para tapar um buraco conjunturalmente e daqui a seis meses não temos de lá meter mais”. Caso contrário, Rui Rio avisa que a TAP não pode transformar-se numa espécie de “banco bom”, com injeções sucessivas do dinheiro dos contribuintes. Se o Estado reforçar a sua posição, Rui Rio entende que então o Estado deve ter uma maior influência na gestão da companhia.

Na análise às presidenciais, Rui Rio diz que o mais provável é o PSD apoiar a recandidatura de Marcelo Rebelo de Sousa, mas falta ainda que Marcelo Rebelo de Sousa anuncie essa intenção.

Na preparação das eleições autárquicas de 2021, Rui Rio diz que divulgar candidaturas a mais de um ano do ato eleitoral seria “uma maratona”. Caberá, em tempo útil, à direção nacional e à secretaria-geral definir os candidatos, que serão aprovados pelos órgãos próprios.

O Presidente do PSD considera que “a liberdade de imprensa é um pilar absolutamente nuclear em democracia”, mas contrapôs que “quando manipula e desinforma faz o contrário, destrói a democracia”. Por outro lado, Rui Rio conclui que o Governo “está pelo menos a tentar ser simpático” e que a comunicação social até pode ser permeável a essa tentativa.

Num comentário aos protestos sociais nos Estados Unidos, Rui Rio classificou o homicídio de George Floyd como “um ato dantesco”. “Não há em Portugal felizmente comparação. Aquilo que aconteceu nos Estados Unidos é uma coisa bárbara, revolta qualquer cidadão absolutamente normal, aquilo é uma coisa horrível, ainda bem que todo o mundo teve acesso”, afirmou.

Créditos da fotografia: TSF.