As respostas europeias à crise da covid-19 estiveram em debate

4 de junho de 2020
PSD

No dia em que Rui Rio apresentou o “Programa de Recuperação Económica”, o CEN promoveu, esta quarta-feira, 3 de junho, mais uma conferência online. “As respostas europeias à crise da covid-19” foi o tema do debate, que contou com as intervenções de Carlos Moedas, Paulo Rangel e André Azevedo Alves. Tiago Moreira de Sá moderou o encontro transmitido pelo Facebook do PSD.

O antigo comissário europeu mostrou-se otimista e elogiou a resposta da União Europeia, que atuou “com rapidez e com escala” à crise provocada pela covid-19. “Demorou quatro anos para Mario Draghi dizer a célebre frase ‘faremos o que for preciso’. Aqui demorou semanas, para o BCE responder com 750 mil milhões de euros e para o Eurogrupo responder com o pacote dos 540 mil milhões de euros”. Carlos Moedas referiu que a “escala ideal” para a Europa reagir à crise corresponde a 10% do PIB europeu, e poderá ser atingida, superando os 5% do Plano Marshall nos pós-guerra. “Daria uma excelente nota à Europa”, concluiu Carlos Moedas.

Paulo Rangel considera a resposta europeia “encorajadora”. Do lado do BCE, o eurodeputado admite que, no início, “houve uma primeira hesitação”, sobretudo na resposta do Eurogrupo. O eurodeputado define que a posição da chanceler europeia foi determinante, reconhecendo que Angela Merkel percebeu que “uma debaque da Itália e dos países do Sul seria o fim da Europa”. O segundo momento foi a decisão do Tribunal Constitucional Alemão, “que não tem qualquer sentido”. Segundo o eurodeputado, estes dois momentos “fizeram soar o alarme” em Berlim. Paulo Rangel diz que “o quadro financeiro plurianual é desolador”. No entanto, “se olharmos ao efeito conjunto dos dois instrumentos, o Plano de Recuperação e o Orçamento plurianual, acho que não se podia pedir mais aos contribuintes. Basta pensar que, se as coisas ficarem nestes números, 45 ou 48 mil milhões de euros para Portugal representa 50% de todos os fundos que Portugal recebeu até hoje. Em sete anos, Portugal terá os fundos que recebeu em 30 anos. Dá uma ideia muito significativa do poder de fogo desta resposta europeia conjunta com estes dois instrumentos”, frisou.

André Azevedo Alves encara com “menos otimismo” o futuro da União. E citou três aspetos “menos positivos” da ação europeia: “o fortalecimento e o emergir das respostas nacionais”, que culminará num “mini-Espaço Schengen”; a concorrência “entre quem contribui e quem beneficia mais com as soluções”, que se vai acentuar entre os Estados-membros nos próximos meses; e a dependência dos países com economias e finanças públicas mais débeis face aos estados mais ricos e com contas públicas sustentáveis, com a “Europa a ficar mais alemã”. Em todo o caso, o docente da Universidade Católica salienta que se “não estivesse na zona euro” e não estivesse a beneficiar das políticas do BCE, “Portugal teria entrado em rutura”.

No próximo dia 8 de junho, o CEN analisa “O programa de relançamento económico do PSD”, conferência que terá como oradores João Loureiro (docente da FEP), Rui Vinhas da Silva (professor do ISCTE) e Joaquim Sarmento (presidente do CEN e ISEG).

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