“Portugal precisa de uma estratégia nacional, a pensar no futuro”

10 de abril de 2017
PSD

O presidente do PSD afirmou que repor rendimentos e reverter reformas é pouco para o desenvolvimento do País.

O presidente do PSD defendeu, em Vila Real, que Portugal precisa de uma “estratégia nacional que não oculte os problemas, que não crie ilusionismo sobre o que vivemos e que possa responder aos nossos problemas”.

Tal como o líder do PSD defende, é preciso saber se fizemos as mudanças estruturais necessárias. É preciso saber se estamos a fazer o que é preciso para vencer as causas do nosso atraso e vulnerabilidade e se estamos a fazer por evoluir. “Não fizemos tudo, mas fizemos muito por evoluir. Não estou a falar das políticas de austeridade que é o que sobra quando não há dinheiro. O PS foi um dos agentes da austeridade do País, e sabem que a austeridade deve ser removida à medida das possibilidades e condições económicas. Ninguém gosta de cortar rendimento seja a quem for”, afirmou.

Atualmente, a nova geração “tem de pagar uma dívida imensa, por causa daqueles que acharam que tinham de ter mais, mesmo quando não tinham dinheiro para o fazer. Transferiram para o futuro o custo e o pagamento do que anteciparam para isso. A geração mais nova está confrontada com este drama. Os privilégios de uns correspondem, hoje, a um ónus muito grande que os mais novos terão de suportar durante muitos anos. Precisamos de uma sociedade aberta, com dinamismo, que possa premiar os que acrescentam valor. Mas precisamos de mais poupança, de ter capital que hoje não temos, empresas que possam produzir riqueza para podermos pagar o que devemos e investir no futuro. E hoje não temos isso”, concluiu.

 “Se queremos ter mais rendimentos e salários, temos de saber gerar um rendimento que nos permita aceder a esses bens e serviços. Toda a gente quer uma vida melhor e isso depende das políticas que conseguimos por em prática para esses objetivos. Um país só pode ser mais próspero e mais equitativo se souber ser cosmopolita e abrir-se ao mundo. Se souber confrontar as situações de privilégio, será produtivo e inovador”, defendeu Pedro Passos Coelho que falava perante mais de uma centena de jovens, no encerramento do encontro nacional de estudantes Social Democratas, dizendo que “temos de deixar de crescer menos do que é preciso”. Só com base numa estratégia nacional, que não existe na atual maioria, Portugal pode ter futuro.

Este Governo tem um único cimento: repor rendimentos e reverter. Nós já tínhamos começado a repor rendimentos, mas a um ritmo que não punha em causa o que alcançámos. Porquê é que tomaram a decisão de reverter reformas estruturais? Se hoje há emprego a ser criado e desemprego a descer, isso ainda se deve a muitas dessas reformas. Lembram-se de alguma reforma que este Governo tenha feito? Zero. Mas foram removidas algumas reformas importantes”, acusou o líder da oposição.

 

Educação: reversões da maioria põem em causa o sucesso educativo

Durante o governo liderado pelo PSD, foram feitas reformas importantes em áreas como a educação.

Essas reformas foram feitas “para que tivéssemos, no futuro, mais produtividade, mais exigência, mais qualidade do ensino, mais disciplina, com metas claras de aprendizagem. Isto são reformas muito importantes a pensar na criação e distribuição de valores”, disse Pedro Passos Coelho, referindo-se ao salto qualitativo extraordinário que foi dado, e reconhecido pelo PISA e pelo TIMMS. “Somos dos países que deu o salto qualitativo mais impressionante nos últimos anos”, exclamou o líder social-democrata.

Mas a atual maioria pôs fim a tudo ainda antes de fazer a avaliação, por puro preconceito, e isso pode ter posto em causa o nosso sucesso educativo. Com as reversões, criaremos menos valor, seremos menos bem-sucedidos. Porque é que esta regressão foi feita?”, questionou.

Pedro Passos Coelho afirmou que “os governos devem governar para o país, não apenas para os seus eleitores, nem para os militantes dos seus partidos. Os países não podem ficar capturados por um governo ou maioria. Cada governo deve acrescentar alguma coisa ao que recebeu em termos de bem-estar”. Mas, tal como afirma, este “Governo não constrói para futuro, vive do que recebeu. E não aceita críticas. Como se em democracia houvesse quem tem legitimidade para falar e quem não tem. Todos somos portugueses e todos podemos ter a nossa opinião”.

 

Portugal precisa de instituições fortes e independentes

Quando as opiniões são diferentes, a maioria faz retaliação, o que é um retrocesso democrático”, acusou o líder da oposição.

Pedro Passos Coelho referia-se ao exemplo do que está a acontecer no Conselho de Finanças Públicas (CFP) que existe porque foi uma exigência sua feita em 2010. O líder do PSD exigiu a sua criação porque era necessária uma autoridade independente sobre as contas públicas e que auferisse as intenções orçamentais. Na altura, pediu também que se fizesse uma avaliação do custo de todas as PP, que representavam encargos de mais de 20% do PIB para os contribuintes. “Nunca precisámos da troika para saber o que precisávamos de escolher para o futuro do País”, disse.

Mas, atualmente, “temos instituições independentes que não são respeitadas. Como é o caso do Conselho de Finanças Públicas. Se queremos instituições fortes temos de saber respeitar a sua independência. Quando fui primeiro-ministro nomeei, nomeei quem o Governador do Banco de Portugal e o Presidente do Tribunal de Contas propuseram. O Governo, como não gostou da apreciação das contas públicas feitas pelo CFP, rejeitou e não justificou, e assim estamos”. Agora, é esperar que apareça alguém que lhes agrada.

É preciso combater a ilusão que se está a criar de que os problemas estão resolvidos. Preferem a ficção de que isto só aconteceu porque fomos governados por alguém da má-fé, e acham que as pessoas aceitam estes argumentos”, afirmou.

Na verdade, Portugal permanece adiado: “vínhamos com uma recuperação económica que desacelerou. Dizem que a economia só começou a crescer agora. É mentira. Os resultados estavam em marcha e com muito vigor. Agora que perdemos um ano, talvez possam crescer mais”, disse o presidente do PSD.