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Maria Luís Albuquerque afirmou, esta terça-feira em Bruxelas, que muitos dos projetos empreendedores e de investimento começados durante o Governo anterior eram “ótimos”. “Nós conseguimos com que avançassem, mas hoje o empurrão para os completar já não está lá”, salientou.
“Estamos felizes com o Plano Juncker, mas por si só é redutor, é preciso mais. Há sempre a responsabilidade nacional, não devemos estar à espera da União Europeia”, disse.
Sobre a dicotomia investimento público e privado, a antiga ministra de Estado e das Finanças defendeu que, no investimento público, “devem existir mecanismos de controlo, para que o dinheiro dos contribuintes seja bem utilizado. As PME’s podem ter a vida facilitada, mas tem de haver controlo”. Por outro lado, é o setor privado que deve levar a cabo mais investimento, pois “é quem tem mais a perder se não fizer as escolhas certas, e pelo contrário, com o dinheiro dos contribuintes, estas empresas têm pouco a perder”.
Num painel dedicado à importância do Plano Juncker, a vice-presidente do PSD alertou que este deve ter em conta o tamanho das PME’s de país para país, chamando ainda a atenção para a falta de plataformas que juntem os projetos que dele beneficiam. “As falhas de mercado das PME’s estão muitas vezes relacionadas com o facto de não se ter em conta o seu tamanho”, disse. Ao mesmo tempo, o “setor bancário também tem de ser tido em conta e, para isso, temos de completar a união bancária que ainda não está completa.”
União Europeia tem de enfrentar o risco sem medo do falhanço
Se a União Europeia está a ser ultrapassada por países como os EUA e a China, tal tem que ver com a demografia. Tal como Maria Luís Albuquerque afirma, “estamos a envelhecer e por isso somos mais cautelosos para com o risco e menos inovadores. A tradição europeia é uma mais-valia e devemos refletir sobre como podemos arriscar mais e ao mesmo tempo reduzir a importância dos bancos no financiamento”.
“Temos também a questão da atitude face ao falhanço”, continuou, “pois na Europa achamos que tal não é uma forma de aprender, ao contrário do que acontece nos EUA. Mesmo quando abordamos este assunto na Europa, só o fazemos com quem teve sucesso depois. Devemos discutir os fracassos, que lições podemos tirar, e ter uma atitude diferente, senão não teremos capital de investimento”.
Para futuro, a União Europeia deve encontrar novas formas de beneficiar da globalização, pois esta “melhorou muito o mundo. Com ela, milhares de pessoas saíram da pobreza. Precisamos de encontrar uma forma de nos reencontrarmos. Se calhar a Indústria já não é para nós [europeus], mas não há problema, porque encontraremos novas formas. A modernização da Agricultura é um bom exemplo: precisaremos sempre de comer, e a inovação neste setor torna-o cada vez mais relevante”.