CGD: PSD quer Plano de Recapitalização na Comissão de Inquérito

6 de janeiro de 2017
PSD

Os grupos parlamentares do PSD e do CDS-PP apresentaram esta sexta-feira na Assembleia da República um requerimento para que a avaliação do Plano de Reestruturação e de Recapitalização da Caixa Geral de Depósitos passe também a fazer parte do objeto da Comissão Parlamentar de Inquérito à Recapitalização e à Gestão do banco público. Quem se opuser, avisa o PSD, quer esconder a verdade dos portugueses.

Os deputados social-democratas e centristas querem, desta forma, garantir que os interesses dos contribuintes portugueses foram acautelados no plano de recapitalização, sobretudo no que se refere aos montantes fixados para o aumento de capital e às reais necessidades do mesmo. PSD e CDS-PP referem, no requerimento, “a existência de versões diametralmente opostas, trazidas a público pelas diferentes administrações da CGD, designadamente no que se refere aos montantes adicionais de reconhecimento de imparidades e ao aludido aumento de capital”.

Em conferência de imprensa no parlamento, o vice-presidente do grupo parlamentar social-democrata e coordenador na comissão de inquérito, Hugo Soares, deixou um alerta: “Quem quiser impedir este alargamento do objeto só pode ter um objetivo: esconder dos portugueses o que está a acontecer na CGD. Quem se opuser ao alargamento do objeto, está pura e simplesmente a impedir a descoberta da verdade”.

O texto entregue na AR refere ainda que, desde o início dos trabalhos da comissão de inquérito, “desenvolvimentos muito relevantes ocorreram” e que sem o seu conhecimento aprofundado o objetivo daquela ficaria “prejudicado de forma muito relevante”. E lembra que neste momento não só o plano de recapitalização já se encontra finalizado como está a decorrer uma auditoria “destinada a avaliar as reais necessidades de capital do banco público”.

Para Hugo Soares, “um processo de recapitalização e de reestruturação da maior instituição financeira portuguesa, do banco público, que ainda por cima se inicia sem que a CGD tenha uma administração, merece o maior escrutínio de todos os portugueses, e esse escrutínio só pode ser feito no âmbito da comissão de inquérito parlamentar.”

Hugo Soares disse acreditar que o alargamento do âmbito da comissão será "pacífico do ponto de vista jurídico", mas antecipa que possa causar algumas agitações "do ponto de vista político".

Recorde-se que a Comissão Parlamentar de Inquérito à recapitalização da CGD e à gestão do banco foi criada em Julho do ano passado por imposição potestativa dos grupos parlamentares do PSD e CDS-PP, tendo contado na altura com a oposição de todos os partidos da esquerda.

Esta quarta-feira arrancou a primeira fase do plano de capitalização da Caixa, concretizada no aumento de capital no montante de 1.445 milhões de euros, através da entrega de 945 milhões de euros respeitantes a obrigações subordinadas de conversão contingente (os chamados “CoCos”) e da entrega à CGD de ações da Parcaixa, no valor de cerca de 500 milhões de euros. Na segunda fase do plano, o Estado irá injetar 2.700 milhões de euros no banco público.