Tancos: PSD quer esclarecer contradições

25 de julho de 2017
PSD

Há sinais contrários em relação ao que se passou em Tancos nos finais de junho”, afirmou, esta terça-feira, o deputado Carlos Costa Neves, justificando a audição do chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, por requerimento do PSD.

As nossas dúvidas têm que ver, essencialmente, com quatro planos: a gravidade do que aconteceu; destino do material furtado; avaliação de responsabilidades; soluções alternativas que, agora, surgem para depósito desse equipamento”, explicou.

Para sustentar a existência de contradições, Carlos Costa Neves procedeu à enumeração de casos como “a informação pública não desmentida de que o furto era profissional e admitindo-se a existência de cúmplices dentro do aquartelamento”; “a exoneração de cinco comandantes (entretanto renomeados), naquilo que considerámos um julgamento sumário”; “as demissões de altas patentes das Forças Armadas”.

O deputado assinalou os “sinais contrários” que se seguiram e que podem ter sido “uma encenação política para controlo de danos”, nomeadamente uma “reunião promovida pelo senhor primeiro-ministro e as declarações do senhor chefe do Estado-Maior” (em que dava a indicação de que o material mais perigoso não devia funcionar porque estava marcado para abate). Deu-se ainda conta do valor do material furtado. Não tardou a “teoria da conspiração” a indicar que o material poderia ter sido furtado “ao longo do tempo”. Por isso, Carlos Costa Neve questionou se “a lista é definitiva e se tudo aquilo aconteceu num determinado momento”, se se trata de um acontecimento “grave ou não”, até porque “o sistema de segurança interna terá transmitido informação ao primeiro-ministro que o permitiu ir de férias descansado”. “Em que é que ficamos?”, reforçou.

O deputado do PSD não escondeu a sua “perplexidade” no que diz respeito a informações que dão conta de que o material furtado “estava preparado para abate”. Perguntou, ainda, se havia, de facto, indicações de que “estaria em preparação algo [um assalto] daquele género”.

Sobre as “alternativas para depósito de material”, e depois de ter sido avançada a possibilidade de Alcochete, Carlos Costa Neves questionou “de quem é a competência para definir alternativas para armazenamento de material de guerra? É competência política ou das Forças Armadas?”.

Bruno Vitorino recordou, por sua vez, que há indicação de que “está a decorrer um estudo em relação à falta de condições, ou não, de Tancos”, tendo o ministro da Defesa comunicado “a transferência de material e que vai encerrar Tancos por falta de condições”. Destacou, assim, que “há aqui contradições que é preciso esclarecer”.

 

Pina Monteiro: “o material não é obsoleto


De acordo com o chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, Pina Monteiro, “o material não é obsoleto”. Alertou, contudo, que “em ambiente aberto” não se poderia referir às potencialidades do material furtado em Tancos. Confirmou, na Comissão Parlamentar de Defesa Nacional, que o Exército está a “estudar a relocalização daqueles paióis” e que o CISMIL [serviços de informações militares] nunca o informou do risco de assalto. Sobre a exoneração dos cinco comandantes, afirmou não ser habitual, acrescentando não querer fazer “juízos de valor” sobre o assunto.