
O Primeiro-Ministro defende que a Europa tem de ser rápida a afirmar-se como “um bloco comercial competitivo” e coeso para alavancar a economia do continente.
Esta quarta-feira, na abertura do debate preparatório do Conselho Europeu, no Parlamento, Luís Montenegro precisou que “competitividade significa também melhor posicionamento geopolítico.” “É a partir da competitividade da nossa economia que se vai projetar toda a dinâmica do quadro geopolítico e mesmo da repercussão na qualidade de vida dos cidadãos, na dinâmica dos Estados-membros”, referiu.
Para poder “ombrear com os outros blocos comerciais na conquista de mercado”, a Europa, enfatizou o Primeiro-Ministro, precisa, antes de mais, de apostar na simplificação. “Nós precisamos de uma economia, de uma relação entre os cidadãos, as empresas e a administração menos complexa e, por via disso, mais indutora de capacidade transformadora. Não podemos ombrear no mercado internacional com outras geografias onde as exigências e a complexidade são menores e, por via disso, os processos produtivos são mais ágeis e tornam a capacidade produtiva mais eficiente”, apontou.
A segunda prioridade é a energia, na medida em que a Europa “não pode ficar a queixar-se de ter pouca autonomia e ter um custo energético que é quatro, cinco vezes superior a outros blocos comerciais, em particular o americano, e não fazer nada quanto a isso”.
Em terceiro lugar, o Primeiro-Ministro defendeu a união das poupanças, a união bancária e a união financeira “como traves-mestras de uma capacidade de financiamento” da União Europeia. “Não podemos assistir, impávidos e serenos, a que as poupanças europeias ajudem o dinamismo económico, por exemplo, dos Estados Unidos da América, em vez de ajudarem o financiamento das pequenas e médias empresas europeias para poderem ser mais competitivas”, alertou.
Em relação à guerra na Ucrânia, Luís Montenegro adiantou que serão “abordados os desenvolvimentos mais recentes”, e qualificou o cessar-fogo de 30 dias nas infraestruturas energéticas como “um primeiro sinal” para “uma paz justa e duradoura”. Ainda assim é “cedo para tirar grandes ilações”.
O debate desta quarta-feira foi o último em plenário da atual legislatura, uma vez que a Assembleia da República será dissolvida na quinta-feira, após publicação do decreto do Presidente da República.
O Conselho Europeu de quinta e sexta-feira, em Bruxelas, vai debater a competitividade e dar seguimento à reunião extraordinária do Conselho Europeu de 6 de março para analisar os acontecimentos mais recentes na Ucrânia e as próximas etapas em matéria de defesa. O próximo quadro financeiro plurianual (QFP), a migração, os acontecimentos mais recentes no Médio Oriente, o multilateralismo e outras questões mundiais estão também na ordem do dia.
Após a intervenção do Primeiro-Ministro, o Presidente da Assembleia da República em exercício, Rodrigo Saraiva, anunciou que estavam na sala deputados ucranianos e a embaixadora da Ucrânia em Portugal. Todas as bancadas, à exceção do PCP, se levantaram para aplaudir durante longos minutos.