“Vivemos um momento que traz mais ilusões do que propriamente soluções”

8 de setembro de 2017
PSD

O líder social-democrata acusou o Governo de, na educação, insistir nos mesmos erros, desculpando-se com as autarquias e ‘deixando a fatura’ para as famílias pagarem

 

Alertou que o crescimento do País não é suficiente, relembrando as denúncias feitas pelo PSD sobre cativações, sucessivamente ignoradas

 

A primeira oportunidade que tiveram não foi para reconhecerem que acordaram tarde, foi para lavarem as mãos e responsabilizar as autarquias”, denunciou Pedro Passos Coelho esta sexta-feira, em Évora, a propósito da falta de assistentes operacionais que se veio novamente a registar, agora que começou o ano letivo de 2017/2018.

Com este Governo a responsabilidade nunca é deles”, criticou o líder social-democrata. “Como as autarquias têm uma palavra a dizer na contratação do pessoal não docente, o Governo refugia-se nesse pormenor para as culpar”, acrescentou, depois de ter lembrado que já no ano letivo anterior diversas escolas se depararam com uma “situação muito difícil” por não disporem dos “recursos humanos [suficientes] para poderem acolher as crianças”. Tal como destacou, “vivemos um momento que traz mais ilusões do que propriamente soluções”, uma vez que os anúncios do atual Executivo (de contratação de mais assistentes operacionais) não se vieram a verificar tal como era esperado. “Os lugares que foram, efetivamente, preenchidos a tempo, relativamente ao ano passado, foram só 300”, afirmou o Presidente do PSD, destacando que as necessidades das escolas são muito superiores.

Pedro Passos Coelho referiu-se, também, ao concurso de mobilidade lançado para os professores, considerando que, em virtude da alteração de regras, se criou “um problema de justiça muito sério”. Pese embora o PSD tenha alertado, em devido tempo, o Executivo, certo é que este “não respondeu” e, agora, “os sindicatos estão a reclamar e dizem que recorreriam a novas greves se o Governo não corrigisse” a situação criada.

O líder social-democrata foi claro ao dizer que espera que o Governo venha a “corrigir os seus erros”, os quais se “tem vindo a acumular e quem vai pagando a fatura são as famílias, as crianças, os estudantes”. Dado que já passaram cerca de dois anos, e o “Governo está com muito treino”, “é muito negativo que isto se repita”, disse.

 

Recuperação do País: crescimento não é suficiente

Pedro Passos Coelho falou, também, sobre a recuperação de Portugal. “Hoje é tempo de dizer que o nível de crescimento que temos não é suficiente para vencer as responsabilidades e para o investimento que é preciso fazer para futuro”, alertou. Apesar do discurso do Governo, e dos partidos que o suportam, apontar para “tudo estar a correr da melhor maneira”, “é discutível que o crescimento tenha atingido o patamar” de que o País precisa.

Mais do que concentrar discursos no que se pode dar ou anunciar, Pedro Passos Coelho aconselha o Governo a focar-se na “capacidade em gerar rendimentos ou emprego”, já que isso é “crítico para materializar a confiança de futuro em todos os agentes económicos”.

Alertou, também, que é preciso estar atento aos sinais da balança externa. “Sabemos que o défice comercial se está a gravar, as pessoas dentro do País estão a consumir mais coisas de fora e a nossa margem de reter valor no que exportamos está a ficar menor”, salientou. Explicou que, no último trimestre, quando comparado com outros países, Portugal registou um dos piores crescimentos da Europa.

 

“Afinal a nossa denúncia tinha fundamento

Os resultados podem começar a parecer muito menos positivos do que foi insuflado”, reforçou, no sentido de contrariar o discurso dos partidos que suportam o Governo e que tendem em elevar as expectativas. Pedro Passos Coelho fez, assim, um apelo de “equilíbrio a este leilão orçamental que vem sendo apresentado”, criticando Partido Comunista e Bloco de Esquerda por terem acusado o PSD de “estar ressabiado” e agora, no caso do BE, vir exigir “muita transparência nas cativações”. “Afinal a nossa denúncia tinha fundamento”, ironizou, dizendo ser importante prestar atenção aos alertas social-democratas cujo propósito é que, no futuro, haja “mais confiança”. “Os alertas são muito fundamentados na nossa observação da realidade”, acrescentou.

Pedro Passos Coelho referiu-se, também, ao desenvolvido registado em Portugal no que diz respeito ao Turismo. “A maneira como formos capazes de nos abrir à procura turística, como nos vamos organizando para oferecer um produto que acrescente mais valor em cada um dos territórios pode ser muito importante para que os próximos anos sejam anos em que possamos aproveitar melhor o potencial turístico”, afirmou.

 

Évora: António Costa Silva traz “ambição importante para o futuro

No terceiro dia da Volta Autárquica Nacional, o Presidente do PSD esteve no município de Évora. “O que é em Évora há a perder em experimentar uma solução social-democrata na autarquia?”, perguntou, argumentando que o PSD tem câmaras municipais “bem administradas” e que já deu “provas de governar com equilíbrio, mesmo em situações adversas”.

Referiu-se ao candidato ao município de Évora, António Costa Silva, como “uma lufada de ar fresco”, na medida em que, à semelhança de muitos outros candidatos social-democratas que se apresentam nestas eleições, “tem experiência e formação que o habilitam” para as funções a que se propõe e traz uma “ambição importante para o futuro”. Disse, ainda, que o candidato “não é de quem se põe a sonhar e a prometer”, numa crítica clara a quem hoje está no governo do País.