“O Governo precisa de ser claro sobre a reestruturação da dívida”

9 de novembro de 2016
PSD

O Presidente do PSD, Pedro Passos Coelho, acusou o Governo de ter uma "posição dúbia" sobre a reestruturação da dívida, pedindo ao executivo para ser mais "claro e cristalino" sobre esta matéria.

Em Declarações à imprensa, após a reunião com a com a CAP - Confederação dos Agricultores de Portugal, Pedro Passos Coelho afirmou o atual Governo devia “ser mais claro, cristalino até, e rápido a esclarecer isto, porque isto são dúvidas que no mercado só podem penalizar ainda mais os portugueses e pagar ainda mais juros, quando a nossa intenção era justamente poder pagar menos juros.”

O Líder do PSD insistiu que era importante que o Governo dissesse "cabalmente que não vai suscitar nem junto dos credores, nem em Bruxelas um processo de renegociação da dívida.”

Pedro Passos Coelho notou ainda que qualquer processo de renegociação quebrará a confiança dos investidores em relação a Portugal, o que seria "trágico para o país".

"Não percebo porque é que o Governo de uma forma rápida e cristalina não põe um ponto final nessas dúvidas", vincou.

Pedro Passos Coelho admitiu, contudo, que Portugal pode vir a pagar menos juros pela dívida, mas para isso terá de tirar partido da política monetária do BCE) à semelhança do que outros países estão a fazer, como a Espanha.

"Somos o único país que não está a tirar partido dessa situação, pelo contrário, estamos até a ter um agravamento das taxas de juro a cinco anos e a dez anos", disse, estimando que em 2016 o país vá pagar mais cerca de 350 milhões de euros de juros da dívida.

O Líder do PSD falou ainda da possibilidade de Portugal reduzir a taxa de juro dos empréstimos oficiais, mas lembrou que, como o FMI não aceita redução de juros, isso só seria possível se Portugal se financiasse nos mercados a taxas de juro mais baixas para pagar antecipadamente ao FMI os empréstimos que tem a taxas mais altas.

"Mas, como é sabido, o Governo está a fazer o contrário", sublinhou, recordando que o executivo já disse que, ao contrário do que estava programado, não irá pagar antecipadamente seis mil milhões de euros ao FMI até ao final do ano, "porque precisa do dinheiro para outras coisas".

"Relativamente aos empréstimos europeus, nós já estamos praticamente a pagar as taxas de juro que são suportadas pelos fundos europeus que nos emprestaram o dinheiro. Mais do que isso só se nos oferecessem os juros do dinheiro que nos emprestaram e parece-me pouco razoável", afirmou.

Pedro Passos Coelho foi ainda questionado sobre as primeiras indicações de Bruxelas sobre o Orçamento do Estado para 2017, assegurando que se a Comissão Europeia aceitar a proposta do Governo ficará "muito satisfeito", pois o PSD não está interessado que existam problemas orçamentais e financeiro no país.

Contudo, acrescentou, tal não significa que o partido não possa estar preocupado com "as perspetivas de crescimento da economia portuguesa e com a facilidade com que o Governo poderá ou não cumprir as suas metas".