Incêndios: PSD chama ministra Constança com “carácter de urgência”

17 de julho de 2017
PSD

 

O PSD vai chamar com carácter de urgência à Assembleia da República, a ministra da Administração Interna”, informou Carlos Abreu Amorim esta segunda-feira. “É a titular da pasta que, diretamente, se relaciona com a prevenção e combate aos incêndios e é a ela que cabe resolver alguns dos problemas diagnosticados”, justificou o deputado do PSD. “Um mês depois [da tragédia na região de Pedrógão Grande], num incêndio de grandes proporções em Alijó, algumas dessas falhas manifestaram-se novamente, designadamente aquelas que se prendem com o dito sistema de comunicações de emergência do SIRESP”, acrescentou.

Para o vice-presidente do Grupo Parlamentar, o País está perante uma situação de “incúria, desleixo e irresponsabilidade” que faz com que o PSD queira “saber o que é que este Governo fez para colmatar as lacunas na prevenção e no combate aos incêndios florestais”. “O que é que este Governo fez para tranquilizar as populações? O que é que fez, neste mês, para que os apoios sociais e a ajuda necessária tenham bom destino?”, questionou. “Tememos, mas esperamos estar enganados, que muito pouca coisa tenha sido feita”, disse.

Estamos em plena época de incêndios, no pico da chamada Fase Charlie, e aquilo que os portugueses sabem, com os relatos que nos vieram do incêndio em Alijó, é que grande parte dos problemas, falhas e trapalhadas que aconteceram em Pedrógão Grande e Castanheira de Pêra não só não foram afastados ou resolvidos, como permanecem exatamente no ponto em que estavam”, reforçou o deputado social-democrata.

Segundo salientou Carlos Abreu Amorim, “não vale a pena repousarmos e adormecermos perante problemas que sabemos que existem”. Por isso, o PSD “quer saber, de viva voz da senhora ministra, o que é que foi feito nestes 30 dias para que, aquilo que sabemos que correu muito mal, não se venha a repetir”. O SIRESP “continua sem funcionar”, pelo que tem havido a necessidade de recorrer a “meios alternativos”.

 

A nossa sociedade civil é muito melhor e mais eficaz do que o Governo

Os social-democratas reiteram, assim, que “não podemos assistir a falhanços do sistema de combate e do sistema de comunicações” e defendem que o Governo dever proceder “uma intervenção urgente nesta matéria”. Tal como esclareceu o deputado, o requerimento entregue pelo PSD para ouvir com urgência Constança Urbano de Sousa, “não colide de modo nenhum com o trabalho da comissão técnica independente”, cujo objetivo é “dar respostas técnicas mais apuradas e desenvolvidas”.

Carlos Abreu Amorim fez, também, referência aos mais de 13 milhões de euros angariados não estejam “a chegar às populações que permanecem em situações de grande carência”. “A sociedade civil foi muito generosa”, afirmou, acrescentando que “o Governo não correspondeu às expectativas”. Considera, por isso, que esta realidade prova que “a nossa sociedade civil é muito melhor e mais eficaz do que o Governo”.   

O vice-presidente do grupo parlamentar deixou, ainda, um apelo aos vários partidos. “Na próxima quarta-feira, último dia de votações desta sessão legislativa, serão votados um projeto de resolução e um projeto de lei do PSD que visam a reparação urgente, através de um mecanismo extrajudicial, dos herdeiros dos que faleceram e dos feridos graves”, informou. “Este mecanismo é uma forma de solidariedade” que representa “uma forma idónea e escorreita de resolver o problema dos que foram mais afetados”. Caso não seja aprovado, “o que vai acontecer é que, provavelmente, vão estar os herdeiros e os feridos graves cerca de uma década à espera das indemnizações, de acordo com as regras normais”, referiu.

 

Reforma florestal: “estamos à espera que os partidos se entendam a bem da floresta e do País

Nuno Serra reforçou que “o PSD está disponível para fazer a discussão” da reforma florestal que, contudo, se vê bloqueada pela falta de entendimento dos partidos que sustentam o Governo. Salienta, por isso, que o PSD “é alheio” a esta situação. “Estamos disponíveis para trabalhar em prol da reforma florestal e estamos à espera que os partidos se entendam a bem da floresta e do País”, acrescentou.

De acordo com o vice-presidente da bancada parlamentar, o PSD está recetivo a “tudo o que sejam contributos positivos para a reforma da floresta, rendimento dos proprietários e uma nova forma de viabilização das nossas terras que permita aos proprietários fazer o ordenamento dos territórios”. Tal como salientou, o PSD segue um “caminho que trazia já do governo anterior”.

Alertou, no entanto, que os social-democratas têm “as suas linhas vermelhas” que passam pela utilização de certas “espécies florestais como bode expiatório”. Destacou, assim, que “o problema não está na espécie [e concretamente no eucalipto], mas na forma como se planta e na forma como é ordenada”. Comunicou, por isso, que “o PSD não vai permitir a perversão” de “desprover o interior do País de eucaliptos e passá-los para o litoral”.

Nuno Serra sustentou que “o trabalho que deve ser feito pelos governos é permitir que haja cada vez mais fatores económicos no interior para que as populações se fixem”. Acrescentou ser “inconcebível que qualquer governo, especialmente um de maioria de esquerda que deveria olhar para o bem-estar das populações, no fundo esteja a delapidar um património do interior do País”.