CGD: esquerda concertada opta por esconder a verdade

3 de fevereiro de 2017
PSD

O PS, o Bloco de Esquerda e o PCP estão a boicotar a comissão de inquérito à Caixa Geral de Depósitos (CGD). Em causa está um conjunto de audições, pedidas pelo PSD, e que foram rejeitados em bloco pelos partidos da esquerda parlamentar. O PSD lamenta que o PS, bem como a restante maioria de esquerda, persista em travar todas as diligências para apurar o que se passou na CGD.

Depois da frente unida de esquerda tudo ter feito para impedir o acesso a documentação de interesse relevante – com o Tribunal da Relação de Lisboa a determinar o levantamento do sigilo bancário relativamente aos documentos solicitados ao Banco de Portugal e à CMVM – os partidos da esquerda insistem que pouco há para descobrir.

De facto, após 14 audições na comissão parlamentar de inquérito à CGD, das mais de 50 propostas inicialmente por todos os grupos parlamentares, o PS e as forças políticas o sustentam diz que a comissão já pode apresentar conclusões e chumba todas as propostas de audição do PSD.

Perante esta postura concertada, “obstaculizadora” e inédita em democracia dos partidos que suportam a maioria, o PSD entende que é uma “ousadia muito acima da média” afirmar que a comissão de inquérito já pode apresentar conclusões. Hugo Soares, que é coordenador do PSD na comissão de inquérito à Caixa, considera “uma ousadia muito acima da média haver grupos parlamentares que propõem audições, ainda que ligeiras e poucas, e venham dizer que a comissão de inquérito está em condições de apresentar conclusões, apresentando eles próprios as conclusões que gostariam de ver no relatório".

O PSD entende que Francisco Bandeira, Armando Vara e os auditores da CGD nos últimos 15 anos devem ter a oportunidade de prestar esclarecimentos na comissão de inquérito. Vetar a sua audição é uma manobra que só revela a ausência de vontade no desenvolvimento dos trabalhos.

Ao chumbarem novas audições ao ministro Mário Centeno, ao governador do Banco de Portugal e ao antigo presidente da Caixa António Domingues, toda a esquerda prefere está assim criar uma nova barreira: “de um lado do novo muro estão os que procuram a verdade e a transparência” e do outro estão "aqueles que querem impedir os trabalhos parlamentares de se desenvolverem e querem terminar a comissão de inquérito de forma abrupta", declarou Hugo Soares.

Rejeitados foram também os requerimentos do PSD e do CDS-PP solicitando o Plano de Recapitalização da CGD, ato que, no entender do PSD, vai contra um parecer jurídico solicitado pelo Presidente da Assembleia da República, em que consta que o tema da recapitalização do banco público não é estranho ao funcionamento da Comissão Parlamentar de Inquérito.

O PSD insiste ainda na necessidade do alargamento do prazo e do objeto da própria comissão de inquérito.

A comissão de inquérito à CGD tomou posse a 05 de julho na Assembleia da República, e debruça-se, por exemplo, sobre a gestão do banco público desde o ano 2000, abordando ainda os factos que levaram ao processo de recapitalização do banco, que foi aprovado por Bruxelas.